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Religião é uma palavra tão associada a uma
série de paixões, movimentos e ideologias que defini-la é um desafio, e
chegar a uma definição de consenso parece impossível. Talvez em última
análise todas as definições possíveis sirvam a algum tipo de agenda, e
uma definição objetiva seja no fim das contas impossível de se obter.
Ainda assim, eu gostaria de tentar. Proponho que se defina como sendo religião:
- a qualquer doutrina ou tradição que tenha um registro cultural, transmitido de um adepto para outro por meios orais e/ou escritos. Essa transmissão é necessária para a perpetuação da doutrina, para a formação de linguagem e conceitos próprios que permitam a comunicação entre os adeptos, e para distinguir essa doutrina de outras.
- é necessário também que essas doutrinas se preocupem de alguma forma em definir o que é desejável ou não dentro das atitudes, ações e escolhas de seus adeptos. Ou seja, é preciso que exista uma preocupação enfática em definir uma ÉTICA.
- além disso, uma religião tem necessariamente de se propor a fazer a ligação entre as circunstâncias específicas das vidas de seus adeptos e algum conjunto de valores absolutos e eternos. Como a compreensão humana do absoluto é inevitavelmente especulativa, surge em decorrência a necessidade de FÉ na prática religiosa.
- do conflito dinâmico e essencialmente insolúvel entre os ideais do absoluto e as escolhas imperfeitas da vida diária, surge outra necessidade religiosa, a de INTERPRETAÇÃO, que pode ser exposta por algum tipo de autoridade religiosa formal ou informal, ou deixada a cargo de cada adepto individual.
- existe também uma PRÁTICA religiosa, algum tipo de escolhas, atitudes ou ações que são executadas pelos adeptos da religião para caracterizar um compromisso. A essa prática estão ligadas necessidades sociais, emocionais e principalmente estéticas dos adeptos. Há um estreito laço entre as funções ética e estética da religiosidade, pois qualquer pessoa deseja acreditar que ao se buscar o desejável também se está buscando o que é lícito e válido. Dessa interação entre o que se quer e o que que considera correto querer surge um terceiro papel fundamental da vida religiosa - o AMPARO EMOCIONAL.
- outra característica necessária de uma religião é um conflito virtualmente sem solução entre os objetivos de preservar sua própria identidade enquanto doutrina (por meio da tradição e transmissão) e de exercer um efeito concreto nas vidas de seus adeptos (através da interpretação e prática). Essas duas metas tendem a limitar-se reciprocamente, mas é exatamente esse conflito que torna necessária a existência da religião. Quando acontece de se supervalorizar a preservação da doutrina, ela tende a perder o atrativo e ser esquecida ou mesmo se extinguir. Quando, pelo contrário, se dá importância excessiva às mudanças concretas nas vidas dos adeptos, o interesse em manter a religião viva diminui, pois vem a sensação de que ela já cumpriu seu papel. Uma religião excessivamente bem-sucedida põe em risco sua própria existência continuada.
A primeira versão deste texto ficou pronta em 04 de agosto de 2004, e quando necessário será reproduzida no final desta página. Pretendo reproduzir a seguir comentários e objeções a esta definição e oferecer minhas réplicas. Posso ser contactado pelo endereço de email luis - arroba - dantas.com
postado por nubia thais:turma 8ªI
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